domingo, 17 de novembro de 2013

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Está em tudo, todas as coisas. Parece que o problema não é tirar você do mundo, mas justamente ao contrário: o mundo de ti. Chega a ser autodestrutivo, porque nem sempre olhar ao redor e te ver me faz bem. Eu não quero você em cada notícia do jornal, não quero em cada lugar que vou, em cada anúncio que vejo, em cada conversa sem nexo que ouço no elevador da faculdade, em cada poema da prova de teorias da literatura. Quer dizer que os trovadores também gostavam de você naquela época, e fizeram os poemas de amor dolorido dedicados a ti? Sua relação com eles também era como a nossa agora? 

 Sai pra lá, sabe? Eu te quero quando estiver junto contigo, quando estiver conversando. No resto do dia, queria te tirar da cabeça um pouco. Aprendi sinais de pontuação nesse semestre, na aula de morfologia. Fiquei ali uns 35 minutos ouvindo a professora explicando sobre ponto e vírgula, e mal sabia a mulher que eu sou a top-mestra-doutora-phd-jedi em pontos e vírgulas.
 Porque é isso que eu mais faço, não é? Enfio vírgula onde deveria haver só a porra de um ponto. E ponto final absoluto, forever, não dois pontos e nem reticências. Dois pontos são abertura pra mais alguma coisa, pra um aposto ou coisa assim, e reticências dá entender pesar, uma dúvida... Viu? Reticências é a pontuação de nego que não tem certeza de nada, e eu tenho. Eu sei que eu tenho certeza. 

 Mas eu sou o que? Eu sou uma múmia paralítica. Eu sempre uso ponto e vírgula, a pontuação dos múmias paralíticas. Aqueles maluco que sabe que tá tudo definitivamente estragado, e sabe que todo mundo sabe que tá estragado, mas vai lá de trouxa cabeçudo e põem uma vírgula no lugar de um simples ponto. Ponto é ponto, porra! Ponto e vírgula é coisa de gente múmia, ponto final.

 Que merda tudo isso. Amar deveria ser mais simples que regras de pontuação.