Se há uma pessoa que entende plenamente minhas frustrações, dores e amores é a Mayara. Ela não apenas me escuta, mas também não me julga nem tenta me acalentar com conselhos furados. Ela não me diz que as coisas vão ficar bem: ela diz que tudo vai ficar ruim mesmo, que um cara que vá me dar devido valor ainda tá pra nascer, e se nada der certo até determinado momento, a solução mais viável seria a gente casar. E por mim ótimo, apesar que eu estaria fadada a intermináveis sessões de cafuné todos os dias. Obrigada de qualquer forma, Mayura, eu te amo por isso e por outras várias coisas também.
Mas a gente ainda tenta estabelecer outros relacionamentos, apesar dos pesares. Faz muito tempo que os meus sonhos não permeiam os âmbitos amorosos, mas os dela sim. Não tenho certeza se a invejo por isso, provavelmente não; mas o relato dela me lembrou um sonho que eu tive muitos anos atrás, aquele com o menino ruivo que apareceu quando eu mais precisava. Na época eu fiz a interpretação que mais se encaixava no momento pelo qual eu estava passando. Hoje, já faço outra.
Eu queria que os meninos oníricos existissem. Digo, existir até que eles devem existir, mas não são capazes de desempenhar o papel que aquele do sonho desempenhou. Não existe nenhum menino por aí capaz de fazer o que aquele do sonho fez, porque o meu menino ruivo era eu. Era eu quem devia me reerguer, me tirar da letargia. Eu tava acostumada a depender de influências externas pra conseguir me sentir gente, e eu precisei passar por poucas e boas até me sentir completa como agora.
Eu não quero inventar ninguém, e não quero que ninguém me invente. Eu precisei me tornar personagem das minhas próprias utopias amorosas, o que é meio arrogante, sim, mas é bom, e é pleno, e me satisfaz. E me empoderou o suficiente pra não aceitar nada que seja menos do que eu mesma. Eu preciso de alguém que partilhe do meu senso de humor absurdo e inusitado, que faça eu me sentir boba, não tonta. Alguém que me acompanhe, me entenda, me prefira. Que faça eu dormir sentindo que sou amada. Precisa nem ser ruivo.
E, meu Deus, eu fico de cara sobre como a gente consegue ficar louco, frustrado e feliz, tudo ao mesmo tempo, por alguém que é só uma ideia.
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